Friday, November 19, 2004

 

Destroços do "Titanic" Foram Vandalizados por Turistas

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in Público
Por Tânia Cova
Quinta-feira, 18 de Novembro de 2004

"Adoraríamos que lá fossem, mas sem lhe tocar." Esta é a opinião de Robert Ballard, o explorador marinho que em 1985 descobriu os destroços do famoso navio "Titanic", face às constantes visitas turísticas e profanações que vêm destruindo os restos do navio nas últimas duas décadas.

Na sua primeira visita, em 1985, Ballard homenageou as vítimas do naufrágio com "uma placa para recordar todos os que perderam a vida naquela trágica noite". Agora, revisitando o local, para ajudar a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica na análise da deterioração do navio, e o National Geographic, onde é explorador residente, Ballard afirma que o destroço parece ter sido "profanado por caçadores de sepulturas".

No passado mês de Junho, Ballard regressou ao navio, pela primeira vez desde a sua descoberta, e ficou surpreendido com o estado de degradação do navio. "Vimos sinais de numerosos casos de submarinos que atracaram no convés, fazendo enormes buracos", cerca de 6000 artefactos foram retirados e "não há nada mais para recolher do 'Titanic'", conta Ballard.

Ballard lamenta que não sejam criadas condições para a preservação dos navios - "o fundo do mar constitui o maior museu da Terra", salienta. O facto de os submersíveis continuarem a "aterrar" no convés do luxuoso paquete é como "visitar o Louvre com um 'bulldozer'". O explorador da National Geographic estima que mais de um milhão de navios estejam submersos, tal como o "Titanic", e eles são uma importante fonte de informação sobre a nossa história.

Desde o embate com um icebergue, na viagem inaugural entre Southampton, Inglaterra, e Nova Iorque, na fria noite de 14 de Abril de 1912, o "Titanic", pousado no fundo do mar a cerca de 3750 metros de profundidade, constitui uma das maiores curiosidades marítimas.

Actualmente protegido por uma nova legislação, aprovada em Inglaterra em 2003 e nos Estados Unidos em 2004, o navio "que nada nem ninguém podia afundar" foi classificado como "memorial marítimo internacional" e vê estabelecidas regras às expedições. Espera-se que a França e o Canadá, dois países também associados ao "Titanic", ratifiquem o tratado.

Para o explorador, "a nova tecnologia pode transformar o 'Titanic' num museu virtual", evitando que as companhias de submersíveis e os seus clientes destruam os restos do famoso navio. Através de uma ligação à Internet, as pessoas podem aceder ao 'Titanic', podem explorar o interior e ao mesmo tempo manter intactas as sepulturas dos 1503 passageiros vítimas da natureza e do erro humano.

Embora não passe de uma ideia, Ballard admite a sua fácil execução: "Se conseguimos enviar sondas para Marte e colocar um homem na Lua, aceder ao 'Titanic' em tempo real não é grande coisa."




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